A Diferença Entre Dois Aspectos da Busca Interior
Carlos Cardoso Aveline
Escrevendo sobre o autoconhecimento do ponto de vista da filosofia esotérica, Helena Blavatsky escreveu:
“Este tipo de autoconhecimento é inatingível pelo que as pessoas normalmente chamam de 'auto-análise'. Ele não pode ser alcançado pelo raciocínio ou por qualquer processo cerebral, porque ele é o despertar consciente da natureza divina do homem.” [1]
Neste ponto, devemos perguntar-nos:
“Qual a diferença entre a auto-análise e a observação diária que devemos fazer para nos autoconhecer, segundo dizem a tradição pitagórica e a filosofia esotérica? Aquele olhar que devemos ter para dentro de nós, buscando encontrar ali a verdade, não é a mesma coisa?”
Vejamos a seguir uma resposta possível a esta questão.
A “auto-análise”, no contexto do artigo escrito por HPB, pode ser definida como a análise que o eu inferior comprometido com o caminho do autoconhecimento faz a respeito de suas próprias ações, suas emoções, seus pensamentos. Isso é algo útil, é básico, e prepara o eu inferior para que se liberte dos assuntos inferiores. É parte da disciplina diária de muitos aprendizes da sabedoria esotérica de todos os tempos. Mas sabemos, ao mesmo tempo, que “análise” é o oposto de “síntese”; e que o conhecimento espiritual é fundamentalmente sintético. O olhar filosófico vê prioritariamente o conjunto, e só secundariamente discute o detalhe ou é analítico.
O verdadeiro autoconhecimento ocorre, portanto, quando e na medida em que, estando relativamente resolvidas e deixadas de lado as suas questões pessoais, o eu inferior finalmente esquece de si e se volta para o todo universal. Deste modo ele se identifica com a Lei Una. O processo está descrito, entre outros textos, em “O Diagrama de Meditação”, de H. P. Blavatsky.
O autoconhecimento não é fácil de obter e só pode ser alcançado gradualmente. A verdade é que, quando olha para o mundo terrestre desde o ponto de vista terrestre, o eu inferior está quase sempre “torcendo” para que algo ocorra e “torcendo” para que algo não ocorra.
Mas quando o eu inferior olha para o mundo espiritual, ou quando ele olha para o mundo terrestre do ponto de vista do mundo espiritual, ele não torce nem distorce, nem tem motivos para isso.
Ele se identifica com a Realidade e atua sem ansiedades em relação a resultados de curto prazo. Nestas condições, ele está voltado para o tempo eterno e o espaço infinito, e encontra a paz.
NOTA:
[1] Veja o texto “Para Alcançar o Autoconhecimento”, de Helena P. Blavatsky, na seção Helena Blavatsky de www.filosofiaesoterica.com .
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O texto acima surgiu a partir de uma ponderação levantada por Rejane “Chica” Tazza durante os estudos do e-grupo “Ser Atento”, promovidos pelo website www.filosofiaesoterica.com .
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